quinta-feira, 8 de julho de 2010

Oli



Achei um diário de uma pessoa que deve ter vivido por aqui. Eu estava deduzindo sobre como alguém deixa o seu diário pessoal, companheiro e confidente, eternamente paciente e sabiamente criado como uma coisa muda, para ir embora.

Ou essa pessoa se mudou de casa ou morreu.
Contudo, o diário veio parar em minhas mãos.

O li por inteiro.
Oli.

O senti por inteiro.
Calei-me
Pus minha mão no pescoço... Pesaroso.

Oli.
Essas memórias de um alguém que se foi
de barco, de avião ou de carro
ou de doença, ou de acidente, ou de desgraça repentina.

Oli.
E todas as dores e sonhos, aqui... Por que não as levaste contigo?
Ó, ser do diário, o único proprietário.

Oli.
Sei que era uma menina
sei que sonhava ser professora
sei que amava os finais-de-semana
sei que amava tudo
e dançava no quintal de piso rústico
era imigrante
e forte.

Oli.
Olha! Ela está no quintal, agora, descaradamente a dançar e gargalhando diz: -SOU ETERNA! ETERNA! ETERNA!
[as]
E lhe respondo: -Se você só é uma memória, garotinha, a sua eternidade depende da minha escolha.
[memórias]
Fuja!
[são]
E se ela foi.
[fortes]
Ela que nem sabia escrever direito a minha língua escrita
O li
para nunca mais.
[Pela Graça eu as domino]
Oli.

---

Considerando tudo isso suspiro:
-Manassés.

E um pensamento sagrado me vem...
O Senhor nos faz esquecer.

=D

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